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sábado, 5 de fevereiro de 2011

O erro de Manuela F. Leite e de Marcelo R. de Sousa.

Estas eminentes figuras da nossa praça política ao considerarem que o tema levantado nos jornais por Jorge Lacão, ministro dos assuntos parlamentares deste governo de vésperas, sobre a queda de 230 para 180 deputados no parlamento nacional, ser este um efeito de diversão. Estão a léguas do xadrez político que a cabeça de mini Maquiavel socialista é capaz de engendrar.

O que faz mover JL não é mais um frete ao chefe, este ser político nunca se enganou nem no tempo nem no modo quando faz lances de aposta para que lado vai corre o mel e o leite, as recompensas políticas como é óbvio.

Basta ver a reacção corporativista do líder da bancada, um ser tiquoso com trejeitos de mau da fita, que não é, como se sabe, embora há tempos tenha sido sovado como tal pelos seus colegas desavindos de Felgueiras. A sua atitude em pleno parlamento revela o mais amplo desprezo do que é a vontade colectiva do partido no seu todo, como esta se deve formar e manifestar, gesto mais que repelente, do meu ponto de vista, pela forma como vejo o dever ser de um responsável político de primeiro nível, como é o caso de um líder de bancada.

Se remetesse a sua opinião para os órgãos de direito do partido estaria certo, assim revelou ser um homem de mão daqueles que sentem na proposta do ministro uma ameaça aos seus interesses mais mesquinhos e ilegítimos em democracia.

Só o partido na sua globalidade deve determinar quando e como os temas mais nobres da representação política nacional devem passar para a agenda e nunca o líder parlamentar. Dar por encerrado este especial assunto, não é da sua competência e atribuições. O Lacão tem revelado muita profundidade no subsolo da manha política partidária, nesta bisonha tarefa aposto nele, quem quiser que se cuide.

Batista Bastos, na sua crónica no Diário de Noticias de hoje, dá um retrato muito certeiro do PS tal e qual é nos nossos dias, quem conhece o partido e os artistas em cartaz só o pode acompanhar com tristeza na alma é certo, no forte recorte realista do infortúnio que é ser socialista com tal corja de manhosos. O nosso Egipto já.

Manuel Maria Carrilho, no mesmo jornal, com uma forma mais intelectualizada, aborda o prospectivo posicionamento político do que pode estar reservado ao partido se não mudar de rumo, se não acordarem para a substância do dever ser da política partidária.

Quando denuncia a armadilha do convite sinistro que lhe lançam para se apresentar a votos, citando o presidente e companhia, revela lucidez. Mas, quanto ao mais, a coragem física e o desassombro com que lida com o poder é conhecido, não é de agora, sei que a tem em dose bastante, o problema é de a sua imagem estar feita como político distante da vida das pessoas comuns, a sua proposta política não acerta com os desejos de quem vota.

Um partido nas bocas do mundo, como diz o povo, não é por boas razões seguramente.

Lisboa 4 de Janeiro de 2010
Armando Ramalho

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