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terça-feira, 28 de junho de 2011

Os Mochos

Os Mochos Sob os feixos onde habitam,
Os mochos formam em filas;
Fugindo as rubras pupilas,
Mudos e quietos, meditam.

E assim permanecerão
Até o Sol se ir deitar
No leito enorme do mar,
Sob um sombrio edredão.

Do seu exemplo, tirai
Proveitoso ensinamento:
— Fugí do mundo, evitai

O bulício e o movimento...
Quem atrás de sombras vai,
Só logra arrependimento!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
Obtido em Wikisource

domingo, 26 de junho de 2011

Post-it socialista

A 3M é uma multinacional centenária de origem americana com o maior nível de apreciações positivas. A sua história gira sempre à volta de uma ideia simples. Uma folha de papel com alguma coisa em cima. Isto é, a lixa, a simples lixa que deu milhões aos seus accionistas e traçou o futuro de uma das mais lucrativas companhias da história do capitalismo moderno.

A mais recente bomba do mundo dos negócios da simplicidade desta companhia foi a aplicação de uma sua descoberta, uma inutilidade há muito nos arquivos, somente há uma dúzia de anos deu fortunas em ganhos accionistas, uma simples cola que não cola, e a sempre eterna folha de papel.

Não estava esquecida a tal aberração da cola que não cola, só que não tinha aplicação, mas o seu dia chegou o Post-it, o famoso e indispensável papelinho colorido que liberta a memória do que não se deve esquecer. Aí está a novidade, o produto que vale milhões, contas bem feitas, a resma de papel passa do seu simples valor a vinte vezes mais.

Um socialista “Post-it” já estava inventado, só que não tinha aplicação por ser também uma inutilidade funcional, é certo que sempre servia para carregar as malas ao Soares nas andanças pela Europa, ou a qualquer secretário-geral de serviço sem ordenança, aí estava o senhor cola a tudo, a memória útil do servilismo barato, um menino para o serviço dos pequenos fretes, maneirista e elegante q.b.

O senhor “To Zé” deve ser um cidadão muito digno, não é disso que aqui trato, o meu alerta vai no sentido de que as várias colas que não colam, em conjunto até podem dar uma grande salganhada onde se embrulhem todos os sem sentido do que resta do partido, em lugares que querem preservar para si ou para a família ou próximos.

Os emplastros são muitos, desde o ex-governador civil de Lisboa, essa indignidade escabrosa que só não ganha o “podium” ao triste Nobre por ser opaco, aos inenarráveis “9 em cada 10 presidentes de camara estão com Seguro”. Avisado anda o velho Soares que não está para fretes e sempre vai largando avisos à navegação, que o melhor é “mudarem de vida”, mas quem está para aí virado?

A celebérrima estrela de Sintra meteu férias, ficou a “barbie” de serviço ao parlamento nacional, a que tinha como primeira escolha a eleita Presidente da Assembleia, só visto, nem chá bebe, é do melhor, são uns cola a qualquer líder possível ou imaginário, longe vá o agoiro, mas se estes dois putativos lideres fossem à vida, estariam a cantar loas ao próximo com a leviandade que as une.

A grande vantagem do “post-it” é que não deixa marcas e pode ser utilizado até a memória lhe tomar o lugar ou ter o destino da sua inutilidade por não ter razão de ser.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O PS precisa de se unir e de uma refundação política e ideológica. É um imperativo de sobrevivência

Mário Soares

in VISÂO Quinta feira, 16 de Jun de 2011


As últimas eleições legislativas puseram fim a um ciclo político e abriram outro. A esquerda democrática deu lugar à direita conservadora e neoliberal, como se tem vindo a passar em toda a União Europeia. Mas não vale a pena agora falar do passado. A poeira do tempo fará esquecer muitas críticas, erros e acusações. Tudo isso pertence à história. E, naturalmente, o que neste momento, mais nos interessa - a todos - é o presente e o que aí vem no próximo futuro. Vamos ou não sair da crise que nos afeta?

A um governo minoritário de esquerda democrática vai substituir-se uma coligação maioritária de dois partidos de direita, com grandes diferenças entre si, como se viu durante a campanha eleitoral. Mas a grande crise monetária e económica, desencadeada pelos mercados especulativos que atacaram Portugal, depois da Grécia e da Irlanda, não parece poder resolver-se, facilmente, com os empréstimos - e os altos juros - com que a troika nos brindou. Eis um problema sério. Há compromissos a que nos obrigámos - não só os partidos que estão no poder, também o PS - e datas a cumprir. Não o podemos esquecer. Mas a principal responsabilidade incumbe agora ao governo, do qual se espera competência, rapidez na ação, bom senso e coragem.

A tarefa, todos o sabemos, não vai ser nada fácil. O dinheiro escasseia e as exigências da troika são demasiado monetaristas, embora de momento necessárias. Por isso, temos também de saber evitar a recessão, diminuindo drasticamente o desemprego, o despesismo, em todos os domínios, e dar de novo confiança às pessoas. Se assim não for, juntamos às crises com que nos debatemos - incluída a política - uma crise social que pode ser gravíssima. Vejamos com atenção o que se tem passado na Grécia, em vários países europeus e na própria Espanha, a braços, também, com uma mudança política à vista e um manifesto mal-estar.

Em Portugal, os partidos da esquerda radical, com o seu irrealismo, parece terem perdido o rumo e os horizontes políticos. O terem recusado falar com a troika foi um erro que lhes vai custar caro, porque lhes retirou a idoneidade política. Em relação ao PCP, julgo que Álvaro Cunhal não teria praticado um erro semelhante. Tinha outra elasticidade tática, como várias vezes demonstrou. Quanto ao Bloco de Esquerda, além da perda significativa de votos, provocou uma crise interna que não vai ser fácil esquecer.

O PS, no plano político, continua a ser a grande força da Oposição. Mas menos - diga-se - no plano social. O que deve ser corrigido. A saída voluntária de Sócrates foi um ato de bom senso e abriu a porta a dois candidatos a líder que têm a vantagem de ser pessoas inteligentes, experientes e honestas. Não se irão zangar, penso, qualquer que seja o resultado. Julgo até que serão capazes de colaborar, como é conveniente que façam.

O PS precisa de se unir e de uma refundação política e ideológica. Os tempos mudaram e vão continuar a mudar muito. É um imperativo de sobrevivência. A União Europeia vai ter de mudar radicalmente, sob pena de se desintegrar. É outro dos nossos grandes problemas. O PS deve ter uma conceção própria do que será a União Europeia de amanhã e tem de saber bater-se por ela. Tem de participar ativamente no plano político, ideológico e também social, no Partido Socialista Europeu e de ter em grande atenção o movimento social europeu (sindicatos, cooperativas e associações cívicas). Porque é por estes dois pilares que vai passar o futuro. O PS e os seus militantes devem preparar-se, neste intervalo salutar do poder, para participar ativamente no futuro europeu que aí vem, necessariamente. E, assim, poder contribuir, no momento próprio, para a construção do nosso futuro português.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O sanguínio O carniceiro O rosbife.

Vai demorar muitos anos para que o povo volte a acreditar no socialismo ou em socialistas. O futuro seguramente não será feito com esta gente, que tem muita pressa para ir a lado nenhum. Ainda não entenderam que o destino das suas vidinhas não se confunde com o da pátria.

O que afirmou na TV uma das Barbeis de serviço, em tom de urgente emergência nacional, “que a não existência de líder no futuro parlamento, para assumir as responsabilidades do maior partido da oposição, poria em risco a governação” é suficientemente patético e revelador que o que se pretende é mais do mesmo.

O parecer ser, o faz de conta, estilo consagrado, vai continuar. Uma ilusão de normalidade constante é o melhor para que nada de substancial altere a ordem estabelecida. A realidade não é virtual, não está é revelada pela demonstração. Isto é como aquele famoso autarca socialista que arrebanha 80% de votos favoráveis, que se gaba de não saber ler plantas e exige a todos maquetas. É algo concreto, é a realidade visual e táctil necessária ao deferimento da obra pretendida. E já leva uns anos largos esta anedota sem denúncia pública.

São cada vez menos os socialistas da “máquina” mas as consequências são por sua vez maiores. Confirma-se a lei de Pareto, que afirma que 80% das consequências são fruto de 20% de causas. A tese que condena estes manhosos socialistas salva a democracia, são os meus votos. Mário Soares diz que é “bom uma cura de oposição”, seria, se neste tempo onde é necessário pensar o futuro, esta malta que capturou o partido tivesse o mínimo de respeito por eles próprios, e evitasse a indignidade de serem varridos do sistema democrático por inutilidade.

Está construída uma pseudo utilidade para o Partido Socialista. É uma construção jornalística e só existe por ainda se alimentar uma outra farsa, de que a rua é controlada por esta cambada que se diz socialista. Uma tremenda mentira, creio mesmo que esta se vai voltar em primeiro lugar para os próprios “mágicos” da desgraça, os que diziam que a culpa era daqueles que não os deixavam governar.

O povo não é assim tão lerdo das ideias como parece. A demonstração está feita, o voto no PSD de Ferreira Leite não existiu por ter visto com segurança que de alguém seco e relho nada de bom viria. Foi medo, agora é esperança e raiva, protesto. Podemos traçar um novo ciclo de reacção, a tradicional válvula de escape da nossa gente era a emigração, não acreditava na revolta por ser mais fácil esta solução, mas a emigração não dura para sempre, também aí as portas são já estreitas e assim temos as condições para uma tempestade perfeita, um acerto de contas com séculos de atraso.

Como a realidade concreta ainda leva tempo a chegar, permite não acorrer já aos incêndios, e de que serventia teria gritar ao lobo se ninguém o vê? São como as maquetas de um autarca de sucesso.

domingo, 5 de junho de 2011

Les jeux sont faits, rien ne va plus.

Les jeux sont faits, rien ne va plus (os dados estão lançados, não se aceitam apostas)

São 18 30 de domingo 5 de Junho, dia de eleições legislativas no nosso país. As urnas dos votos vão fechar às 7 00 da tarde no continente, porque ainda temos uma costela de legalistas deformados de tanto rigor formal. Esperamos mais uma hora em nome da não perturbação da votação nas ilhas, que mais do que é natural se estão nas tintas para essa pseudo influência, e para nós que não somos burros é lamentável que ninguém altere este estado de imbecilidade congénita dos pseudo democráticos legisladores de meia tigela.

Um amigo, temporariamente no Maputo, pede-me o meu prognóstico para as eleições de hoje. É um jogo que aceito com gosto, não é só ter a convicção de ser analista político, embora caseiro, há que correr os riscos do palpite para legitimar opiniões futuras. Assim, lá vai para a África antanha e profunda com saudades do amigo que em breve reveremos em aprazíveis tertúlias.

Com os risco da arte.

PSD 40% 100 deputados
PS 27 80 “
CDS 15 30 “
Be 5 10 “
PC/PEV 7 10 “

Na convicção de que há uma forte votação e de que a abstenção está entre os 30/35%.

São os meus desejos políticos e se não se encontrarem em paridade com o povo é este quem sabe. Não deixo de considerar que estamos perante um momento de viragem sociológica. Observei pela manhã os idosos do costume e no meio da tarde uma enchente de casais jovens. Vamos ver se o medo pende para o imobilismo ou para a mudança. Não será uma foto sócio-eleitoral clássica, estamos perante uma radiografia de alto contraste, direi em ampliando a minha leitura, que temos uma análise à saúde do sangue que nos vai nas veias.

São 19 00 horas, les jeux sont faits, rien ne va plus, a tal hora dos eternos provincianos.

Boa viagem de regresso.

sábado, 4 de junho de 2011

A maldição dos PINTOS

Ontem pela SIC N, Mário Crespo, ouvi o velho mestre José Gil dizer do ainda primeiro-ministro em defuntas funções, que segunda-feira próxima respiraríamos todos melhor e que o dito cujus tinha uma doença de que não sabia o nome, por não ser especialista na matéria, usa somente o saber que o estudo do comportamento dos homens permite a todos.

Nada poderei dizer de tão radical, estou de acordo com o que afirma, penso o mesmo com a devida vénia caro professor, e se me é permitido, gostaria de juntar a este “pinto” de Sousa uma ninhada que há muito vem tirando o sono a muito boa gente, que não gosta de ser tratada de estúpida nem de ser manipulada por artistas de meio gabarito.

Um dos “pintos”, desta feita Fernando, que a minha atenção não dispensa, por ser primária na forma, é aquele que está há séculos a prometer saldos de gestão positivos para a TAP e que encontra sempre um culpado para acumular mais prejuízos de ruína à pobre transportadora. Ou é o preço do petróleo ou a falta de um aeroporto que jeito tenha, porque este rebenta pelas costuras, ou são as greves que retiram valor de milhões ao dia etc. Um bom despacho também seria de rigor.

Um “pinto” com tendência a enguia está à frente de quem deve zelar para termos um Estado de direito, como que um zelador de primeira pela legalidade do dito, em vez de uma coisa que todos dizem que não funciona e que, quando resolve, é pior a emenda que o soneto. Seguramente só se alimenta de milho legítimo, mas dá a pior imagem dessa realidade. As trapalhadas em que se deixa envolver parecesse o grude com que os políticos gostam de ligar tudo e todos.

Um outro “pinto”, este na qualidade Marinho, com especiais responsabilidades representativas da arte do direito e da sua funcionalidade social. Mais se parece com um imaturo sem causas, imagem que assume, em quem se apoia a miúdo como de bengala, não por estilo mas por necessidades de equilíbrio. Só nesta dimensão nacional o seu trato público é questionável, não será um legítimo mestre, mais se enquadra num espalha brasas sem sentido. Fica-lhe mal argumentos de tasca nas críticas às decisões de justiça, por comparações genéricas de “comem todos” ou não há justiça da pura igualitária. Do comem todos pela mesma medida, bravura sem sentido.

Este é o último “pinto” da Costa, talvez o grande mestre de tão ilustre confraria. Com a mais longa permanência no super nível dos poleiros deste reino. Outros haveria, mas ele é especial e representativo pelo seu “saber fazer”, do que se deve evitar num Estado de direito, onde as contas devem ser públicas e transparentes a todos, pois só assim se pode ir ao mercado pedir dez milhões e ter ofertas de cem, como foi publicitado nestes dias. Está em férias, um líder assim dá gosto.

Cantam todos de galo a pátria nem tanto.

Sábado 4 de Junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Batista Bastos in DN de 1de Junho de 20011

Enquanto Sócrates é uma combinação de grotesco, no qual o desvario inventa o seu próprio infinito, Passos Coelho é um homem perigoso pelo que afirma e, sobretudo, por aquilo que involuntariamente dissimula. Com as ameaças que faz de "mudar" tudo, inclusive o que não é necessário alterar, demonstra uma inconsciência muito próxima do furor incontrolável de quem acaba por revelar as suas dualidades.