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segunda-feira, 9 de abril de 2012

“Complexo” Desportivo de Odivelas. PARTE II

Eu sabia que o terreno do dito “complexo desportivo” tinha regressado à posse da Câmara. Confirmo agora que desde 20 de Dezembro de 2011, data da resolução nesse sentido pelo seu executivo camarário. Só hoje, no próprio dia da votação, tive conhecimento que a Câmara aprovou uma proposta de cedência em direito de superfície por 20 anos ao Sporting Clube de Portugal, com 5 (cinco) abstenções (?), na qual este se obriga a investimentos da ordem dos 4 milhões de euros dentro de um período de dois anos, oferecendo uma partilha muito generosa das receitas a diversos títulos que se venham a gerar no espaço ora cedido.
Pelo Jornal de Odivelas tomei conhecimento de um derradeiro esforço de um “grupo de ex-sócios do OFC” que apresentou um role de boas intenções “in-extremis”, mas sem a devida demonstração financeira, que nestas coisas são da maior relevância.
A minha boa vontade crónica fez-me agir no sentido de contribuir na procura de soluções, assim coloquei-me mais uma vez ao dispor da nossa Presidente de Câmara para participar, “agindo” para uma boa utilização do espaço com actividades diversas e aberto a todos fora do exclusivo e mais que alienante pontapé na bola.
Fiz figura de tolo perante os deuses que já tudo tinham urdido. São deuses…
É de esperar que as “vontades políticas” dos eleitos Municipais, que têm a última palavra neste assunto, não tente contrariar o que o executivo aprovou, embora sem grande vigor. Estamos perante um verdadeiro “maná” bíblico, e não queiram ter o ónus de inviabilizar o que foi secretamente e laboriosamente negociado. Tenham paciência, mas é meu direito lembrar à Assembleia Municipal que este negócio, tão vantajoso para o município, no mínimo deveria ser acompanhado de uma fiança credível e do mesmo nível dos interesses em jogo. Para que não aconteça o mesmo à outra grande quimera de triste memória que deveria nascer lá para os lados da antiga COMETNA.

Odivelas 9 de Abril de 2012
Armando Ramalho
Estudante de Direito

domingo, 8 de abril de 2012

“Complexo” Desportivo de Odivelas.

Vamos fazer votos de que este assunto não vire lenda, é assim que brasileiro vê tudo o que não encontra solução em devido tempo. A insolvência do clube transformou-se em novela jurídica. Parecia que o tribunal tinha colocado um ponto final no assunto ao entregar à tutela da autarquia os terrenos e os bens aí implantados. Num dos últimos textos que publiquei (ver) “resistir é difícil” declarei que estava interessado em ver uma solução para a “coisa”. Assim sendo, foi à câmara que indaguei sobre o destino concreto do dito “complexo desportivo”, ou que ideias estavam em análise. Tudo em que os políticos/burocratas tocam “vira” (mais brasuca) em estudo e pareceres, é como as pratas da casa, todas devem ter uma história agarrada à sua existência. Nesta véspera de domingo de Páscoa, passeando no aprazível varandim do polidesportivo que quer rivalizar em clausura com o Mosteiro cá da terra, triste vizinho do semi-abandonado “complexo desportivo”, dou de caras com um das velhas glórias do Odivelas. Estávamos ambos sonhando acordados sobre as possibilidades da “coisa” voltar ao serviço das gentes do concelho.
Foi nesse momento que me lembrei do mito de Giges que em tempos estudei na República de Platão, o livro que ensina tudo sobre os homens que querem o poder e as formas que imaginam para o obter e manter. A lenda diz mais ou menos: o que acontece a um pastor (um pobre de Cristo como sempre) que encontra um anel e descobre que, ao roda-lo de certa forma, se torna invisível.
Foi rápido a matar o verdadeiro rei e tomar-lhe o poder e a mulher deste só para si. Como era invisível tudo ouvia de seus inimigos e num golpe de antecipação limpava o caminho de uma governação sem oposição. O medo dos seus concidadãos de serem mortos ou de não terem as benesses do rei, permitiu-lhe morrer de velho, seguramente triste e anafado como todos os déspotas. A conclusão é minha e não de Platão, como é evidente este só trata do tema do que faríamos se não fossemos vistos nem punidos pelas nossas acções.
Eu já estou a pagar por ter deixado andar os “Giges” cá do sitio à solta tempo de mais.
E você? (mais uma de brasuca).

Odivelas 7 de Abril de 2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Carta aberta aos ex-Secretários-Gerais das jotas partidárias Os últimos deste modelo político para bem da política nacional.

Meus caros: não levem a mal este tom intimista, é devido a vários factores e um deles é de os ver ainda uns meninos. Sem este considerando, o que tenho a dizer-vos teria que ser mais acutilante e ácido, dado o que ambos andam fazendo aos partidos, à democracia e ao país. É muito grave, e as consequências do desnorte colectivo a que induzem ninguém pode imaginar, com um mínimo de rigor, quais serão.

Começando com o que anda por aí no ar, não digo éter para que todos entendam, o que resulta desta façanha interna dentro do partido socialista, com uma alteração estatutária à revelia dos próprios estatutos? O contentamento da rapaziada que por tradição até votaria que a própria mãe fosse enforcada em praça pública, se com isso pudessem manter os privilégios com que à sombra do partido e do Estado ainda se vão lambendo.

É gozar com os nabos apáticos que se dizem socialistas, acenando com directas leais e justas? Querem cobrir-se de glória mentindo, mentindo sem sentido, só mentindo?
Sempre o disse, e muitos têm bem presente, que sempre fui um crítico das jotas, tal como as vi evoluir rodopiando em volta de mesquinhos interesses e à sombra de ilegítimas desigualdades, lá foram fazendo o seu caminho de verdadeiros oportunistas e vendidos em qualquer situação de eleições internas.

Há muito que as lideranças das jotas sabem que o seu peso tem de ser bem pago, e têm sido muito bem pagos, e se atendermos ao custo/beneficio diria pagos principescamente, nalguns casos seria bom que a justiça investigasse. Nunca pensaram é que o país vinha como brinde e muito mais rapidamente do que estavam à espera.

Não contaram que o tempo não permitisse o amadurecimento, e que a experiência da vida fosse adquirida e consolidada em contexto real. Ficaram sós, com as mentes ambiciosas, nascidas retorcidas e duplamente forjadas em várias escolas onde aprenderam observando, vendo a geração que os precedeu degladiar-se pelo poder.

Deixaram-lhes o Estado como herança. Só não estava nos vossos planos que esta (herança) viesse onerada com tantos encargos (dívidas, obrigações) e outros problemas, que agora não sabem resolver, nunca resolveram coisa nenhuma a não ser as vossas tristes vidinhas de valetes, a quem não servem as botas de montar que lhes calhou em sorte, porque não sabem o que é o cavalo do poder em concreto. A vossa filosofia de vida, por terem andado muito a cavalo mas…umas vezes na garupa agarrados ao verdadeiro cavaleiro, outras atravessados ao colo deste, nunca vos permitiu o domínio da besta para se manterem agora direitos e com o saber de experiência feita.

Compreendem agora a razão de ser do termo GOLPAÇA (?). Seguramente é um misto de golpe, mas reles, nunca de Estado, pois não têm peito para tanto, com fumaça. Creio que o autor do termo pensava mais em qualquer coisa que o vento leva para longe, ligeira e passageira. Não creio, julgo que esta fumaça é mais grave, vai no sentido do fumo narcótico (bem pode ser ópio do bom) que já destruiu os sentidos da dignidade democrática e do aprumo dos homens de bem, sobretudo dos que pretendem conduzir o Estado e os seus correligionários dentro da Lei e sem legitimidades obscuras, como essa ideia da aprovação “tácita” conseguida por dedução.

Pensamento de Kant, que aqui fica para memória futura: “Por meio de uma revolução poderá talvez levar-se a cabo a queda do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento”.

É bom lembrar que Kant se finou no princípio do século dezanove, estava o Napoleão por aí dando as cartas por toda a Europa, história que acabou como todos sabem…mal.

Lisboa, 2 de Abril de 2012
Armando Ramalho