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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

“Onde estão os homens?”

Caro Senhor Henrique Monteiro

O seu artigo de hoje no Expresso “ Sinais de Declínio Ou Mudança?” é bem claro e segue a substância do título, de facto, analisa as motivações e os últimos resultados eleitorais e retira daí as suas conclusões.
Nada contra e direi mesmo que não estou longe de me considerar partidário das quase óbvias leituras que faz, só que, ao esticar o artigo para a especulação política e da forma mais conveniente da sua reorganização, ficou reduzido a uma quase nulidade argumentativa, porque não funda em nada a sua especulação.
Não revela bases académicas para suportar as suas propostas, quais as leituras de estudo em que funda as suas ligeiras opiniões, quais os critérios e as análises de casos com alguma semelhança, creia que jeitinho e umas "larachas" elaboradas no café com os amigos não abonam em nada um jornal que se quer de referência.
Termina, e é este o motivo porque lhe dirijo esta missiva, perguntando “Onde estão os homens?”, creio que o sentido do seu epílogo é o de que o Sócrates não tem oponentes porque não há homens com coragem política dentro do partido socialista.
É aqui que estou em total oposição às suas considerações, há homens dentro e fora do partido socialista, posso garantir-lhe sem medo de ser contraditado.
Há bem pouco tempo, num programa da SIC, o Expresso da meia-noite, vi e ouviu, toda a mesa a concordar com a jornalista da TSF, em catarse seguramente, que seriam os senhores jornalistas os verdadeiros culpados da fraca qualidade das alternativas partidárias.(onde estava incluído)
É um facto que quem decide quem é quem no circo mediático e da forma como se faz política no nosso país são os senhores jornalistas, esquecem ou nunca souberam, como em Paris ao Mário Soares davam o mesmo tratamento, só um sobredotado como ele pôde apanhar o comboio da história, não conheço mais nenhum.
Direi que ao recusarem antena “aos lunáticos e idealistas que lhes batem à porta”, foi a vossa expressão, estão a plantar no verdadeiro deserto das alternativas os aprendizes de tiranos que aguardam na fila o total apodrecimento das situações, no remanso das mordomias do sistema, pensei que tinham convictamente acordado para a realidade de que são os principais responsáveis. Mas não, saiu este “onde estão os homens”? É no mínimo triste e balofo, mas assumo o seu desafio.
Tenha o senhor coragem para falar comigo, dos anos que levo de partido, quase fundador, a licenciatura e o mestrado que obtive em ciência politica, na Católica e no ISCSP, as eleições que já disputei no interior do partido, proposto por mais de 800 militantes de Lisboa e perto de 20% dos votos em directas, quer contra o Jorge Coelho ou Edite Estrela para a estrutura partidária. O ter apresentado uma pré- -candidatura a secretário-geral do partido socialista nas últimas eleições etc, não fez o Expresso cair do pedestal onde se coloca, foi só silêncio, fruto da conveniência ou só incompetência?

Que lhes faça bom proveito a auto-suficiência que alardam, são majestáticos com a vossa atitude, mas por favor não se queixe de que não há homens. Ninguém tem coragem de defrontar Sócrates, afirma desafiante. Tenha dó de si e da sua coragem.

Armando Ramalho

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