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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

salvação nacional



A soberania do país é meramente formal, o Estado está paralisado e é esbulhado por uma classe política-financeira que se protege metamorfoseando-se, espezinhando as famílias, as empresas e a escola.
Chegados às consequências improváveis, o senário é aterrador. Não temos futuro nem promessa, o reino foi entregue a netos sem rasgo ou legitimidade, massacra o povo a mando de saberes experimentais de organizações das quais são meros serventuários, numa ilusão balofa e vã.
Terra de gente que com a idade avolumando se rende num conformismo gélido, aqueles que ainda sentem forças desesperam por um sentido que os anime, os mais novos e aptos fogem por ser mais fácil, os que restam vivem dos saldos de uma vida que ainda sabem preservar.
Um poder que destrói os valores que devia preservar e promover, elevou o Estado de Direito a uma quimera, sem vislumbre de separação de poderes. A cobardia de uns e a avidez de outros aplainou as vontades, a rendição é total e só resta o desnorte coletivo.
Que fazer? O tempo não é de “enterrar os mortos e cuidar dos vivos”, mas será necessário que a natureza abrevie o prazo da chegada das misérias que nos cercam e que muito em breve se podem agigantar sem controlo?
Não temos de resolver uma situação de pós-guerra ou calamidade generalizada, o problema que temos pela frente é de uma grandeza muito mais inquietante e reside na incerteza de não sabermos se é possível dominar a besta que está germinado de modo descontrolado, alimentada por políticos dementes em conluios espúrios.  
A separação de poderes foi desmembrada. Os poderes constitucionais não são exercidos, o poder Judiciário não é tido por sério, o poder legislativo devia ser independente de todos os outros, “o poder dos poderes”, a realidade fez dele um efetivo pau mandado do executivo, que, entre o poder financeiro interno e externo e os conclaves internacionais a que assiste, se deslumbra e estonteia.
Que fazer de um Presidente que de garante das Instituições já pouco lhe resta? As soluções não passam seguramente por uma vontade diminuída de quem o povo já nada ou pouco espera. Como resolver uma situação de impasse desta natureza estranha e para a qual não há voluntarismo possível ou credível? Esperar e nada tentar? Será essa a única solução possível?    
  Por meio de uma revolução poderá talvez levar-se a cabo a queda do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento.(A Preguiça como Obstáculo à Liberdade Emmanuel Kant)
Que fazer? Este pensamento confirmou-se, o povo soberano conformou-se com histórias de crimes sem castigo de sucessivos governantes, nas múltiplas formas de corrupção política, dos negócios criminosos, dos subornos generalizados, do nepotismo desbragado, do clientelismo desenfreado.
Todos sabemos que o poder tende a corromper, e que o poder absoluto corrompe absolutamente. Assim sendo, impõem-se um limite a este larvar totalitarismo em que se transformam os governos eleitos, formalmente democráticos.
Como desatar este nó político moderno? As liberdades políticas individuais estão controladas com falsa legitimidade, o abuso do poder em nome do Estado ameaça a soberania de cada cidadão retirando-lhe o direito a dispor do fruto do seu trabalho. Estamos na servidão pela sobrevivência.
O progresso e o bem-estar de todos não são possíveis em sociedades onde a corrupção se estende ao mais alto nível da administração pública.
A ação política possível, desejável e necessária deve visar uma transformação imediata e completa das organizações políticas e sociais, assente numa efetiva vontade geral, consequência da supremacia da ação política, subordinando o determinismo económico.
A ação política imediata consequente deve propor a demissão do Presidente, como sendo a única forma possível de se poder candidatar alguém que tenha, como proposta de salvação nacional, a criação de um novo sistema político, com base na criação de novos partidos e consequente revisão constitucional, que vise uma moderna organização dos sistemas representativos, com o efetivo controlo democrático do pleno funcionamento das instituições.
O destino dos povos não está determinado nas crenças mas sim nas ações concretas de todos os seus membros, com reais efeitos na sociedade, que a todos envolva e em que todos se sintam parte efetiva.