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domingo, 10 de outubro de 2010

“Peço Justiça”.

“Peço Justiça”. É com esta figura que se retrata como indigno e inútil o papel dos jovens advogados em oficiosas. É uma farsa de defesa, é certo, praticada por uns, aceite e consentida, e à vista de todos. Como é possível uma sociedade que se pretende do primeiro mundo ter-se degradado a um nível tão miserável, que não respeita os mais desprotegidos da sociedade por debilidade económica e social.

O conhecimento generalizado desta situação é agravado pela indiferença do responsável em primeira linha incumbido de contrariar que tais situações se perpetuem: o Estado. Mas este age da pior forma possível, permitir que se cometa uma injustiça é um mais grave do que não fazer justiça, como ensina Cícero.

Citando-o, também afirmava - "o homem, porque é dotado de razão pela qual compreende a relação de causa e consequência e pode estabelecer analogias, ligando e associando o presente e o futuro, compreende facilmente o curso de toda a vida, fazendo os preparativos necessários para a sua conduta".

E ainda. "A grandeza de alma resulta de um espírito, pela natureza bem formado, não desejando submeter-se a ninguém, excepto àquele que estabelece as normas de conduta, ou é o mestre da verdade, ou que para o bem comum governa segundo a lei e a justiça".

É a partir destes dois elementos que se forja e se molda a honestidade.

Não há grandes mestres vivos, é certo, estão contudo perto de nós e disponíveis a ajudar, encontram-se em qualquer biblioteca, é com eles que podemos compreender o que fazer perante uma ideia pouco clara ou incompreensível, segundo a teoria do método de Descartes, devemos duvidar sempre em tais circunstâncias. Depois é só seguir o Mestre, verificar as evidências, analisar as unidades mais simples, agrupar as unidades estudadas num conjunto coerente e elaborar as conjecturas.

Assim como sábias são as suas palavras quando afirma que os homens são capazes dos maiores vícios e das mais nobres virtudes, e que aqueles que andam mais devagar podem chegar mais longe se seguirem sempre um “direito caminho” do que aqueles que correm e se desviam desse propósito.

Acredito vivamente na necessidade de mudança, prevenir e aprender com os melhores, preparar o embate do futuro, não devemos permitir que nos coloquem numa situação sem saída.

Seguramente em tal situação só nos restaria a humilhação de “pedir clemência”.

FDL
armando ramalho
Lisboa, Outubro de 2010