Vamos admitir que o
resultado das eleições autárquicas de Setembro 2013 davam ao PS de
António José Seguro todas as câmaras emblemáticas do país,
incluindo o Porto e Coimbra, com votos a rondar os 2,2 milhões.
Valores só possíveis se a abstenção se mantiver nos habituais 40%
e os funcionários públicos e desempregados terem dado o seu voto de
protesto ao PS.
Seria uma grande festa
para os lados do Rato em Lisboa? Possivelmente o seu discurso de
vitória seria pedir aos militantes em delírio “calma”, “muita
calma”, afirmaria nas TVs que o governo tinha uma “derrota
expressiva” das suas políticas, e que o povo tinha dado ao Partido
Socialista “uma responsabilidade acrescida” para pedir eleições
legislativas antecipadas, teria toda a legitimidade do mundo para
tal.
Só que não lhe desejo
tal sorte. Seria a peste negra para o PS, uma herança com a qual ele
não saberia o que fazer, uma desgraça para si e para o país, pois
a esperança dos dois milhões de desesperados morria logo ali, dado
que, como todos sabemos, o pobre não sabe nada ou quase, não lhe é
reconhecida competência alguma em manobras de alto gabarito, pelo
que se tem visto é somente um esforçado militante em volta
nacional, como faria um viajante comercial de doutros tempos, que não
estes da Net e TV Satélite.
Vejamos: não tem
ambição nem mau feitio, não tem ponta de Alberto João nem dedo de
Pinto da Costa, é só um bom rapaz ao que dizem, mas isso não chega
para descalçar o par de botas em que estamos todos metidos. Pelo que
sei acredita no que ouviu dizer a François Holande “que o
simpático ganha sempre no fim”, beija e abraça como ninguém, mas
não chega para ser PM. Mário Soares já não o cauciona, bem pelo
contrario, diz que “está mal”.
A peste negra para todo
o sistema político é em primeiro lugar a abstenção, se passar dos
fatídicos 50%, bem longe dos “normais” 40%, mas pode ser ainda
mais negro se os valores da dita ficarem perto dos 60%, o que não é
de todo irrealista como pode parecer. Estes valores permitem uma
serie de ponderações conjugadas com os valores dos dois maiores
partidos, os outros quadros possíveis não são do âmbito
governativo, e como tal, não são considerados.
Um subida de 10% na
abstenção são menos 600/700 mil eleitores e, caso dobre, 20%
correspondem a uns “magníficos” 1,5 milhões a virar as costas à
democracia representada por estes partidos, ditos do “arco da
governação”. Qual o reflexo nos valores absolutos e percentagens
em tais hipóteses?
O PS não espera menos
de 1,5 milhões, os mínimos de Sócrates em 2011, mais os votos de
protesto das “sacanices” do PSD, que podem bem ser da ordem dos
600/700 mil, os mesmos que podem ir para a abstenção, o que lhes
daria a tal “taluda” dos 2,1/2,2 milhões de votos. Teríamos um
final feliz ou quase. As más línguas seriam postas a recato e o
drama começaria dentro de minutos.
Em tal cenário o PSD
andaria pelas franjas do 1,3/1,6, os resultados naturais na era de
Sócrates, antes deste ser despedido nas últimas legislativas por
mau carácter e já poucos terem paciência para tanta imposturice.
O mais saudável para
todos os portugueses é que o voto do próximo domingo represente,
com a maior clareza possível, a realidade e que os actores em cena
tenham um sério aviso de que os seus partidos, e eles próprios,
também têm muito a perder, não são só o sistema político e os
honrados cidadãos as únicas vitimas das suas graves
irresponsabilidades na governação do país.
Veremos.
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