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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Política é isto mesmo?



Política é isto mesmo? O que nos é dado observar neste últimos dias? Um leve murmúrio de se querer saber quando são as eleições internas do partido, e parece que a casa vem abaixo.
Penso saber, e se não é verdade que me digam: temos um primeiro movimento que faz parte do passado recente. Não vi vivalma atacar o Sócrates enquanto este tinha o poder no partido, embora já corrido das funções da governação. Caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Sócrates fez como quis: um grupo parlamentar com os seus. Ninguém levantou a mais leve contestação a um gravíssimo entorse na vida interna de um partido dito democrático. Foi um fartar vilanagem. Tozé não foi banido por pouco, Mário Soares pode explicar. Costa teve o mesmo comportamento de sempre, “não me comprometam”.
Num segundo tempo Tozé tem o caminho livre para SG, Costa não está para aí virado, é muito novo e tem cargo que lhe baste. É em desespero que é lançado o Assis, os socráticos acordaram tarde quando tomaram consciência que o “paizinho” tinha dado o salto para bem longe. Costa sabe que é necessário um jogo de cintura, não pode ficar com a imagem de Pilatos, joga fraco pelos desvalidos e não hostiliza a nova vaga.
Porque ganha facilmente o Tozé? As Federações com as respetivas Concelhias, meia dúzia de gatos, viram o fim do filme com nítida clareza. Tozé é da mesma massa com que são feitos os carreiristas, em geral mulas caladas que esperam a sua oportunidade, sem ondas, e como não tem peso no Parlamento vai precisar de nós, cogitam, coligam-se, ganham com folga. Somos os caciques da raia miúda, os carreiristas, os golpistas de pequeno gabarito, mas tomam consciência do seu peso em matilha. Os arrivistas da turma do Sócrates metem-lhes medo. Querem as modernices dos franceses, querem que o povo vote nas eleições do PS. Mais vale a morte que tal sorte. E foi assim.
O desempenho imediato do novíssimo e legítimo SG é todo no sentido de consolidar o seu poder, e se assim pensa melhor pratica. É um desatino por esse país fora. Designa e confirma os candidatos a presidente de câmara, garante lugares a torto e a eito. Os socráticos do parlamento ficam calmos, não contestam ninguém, jogam o jogo pelo jogo, há muito tempo pela frente, o pragmático líder da bancada não faz sombra a ninguém, a presidente do partido também não levanta ondas, Almeida Santos faz de tabelião, sabem que o momento chegado vão todos cair para o lado que ganhar a cartada do “tudo ou nada”.
Estamos quase lá. O trabalho das nomeações para as câmaras está feito, foi de mestre o Tozé não ter embarcado em colocar os triplos-presidentes como candidatos, honra lhe seja feita.
A bancada dos socráticos tarde descobre que o trabalho da aranha era uma armadilha. Como o Sócrates sempre considerou as bases do partido assunto de segunda grandeza, ficaram-se pelos jogos palacianos, não souberam cuidar dos votos e dos caciques espalhados pelo país. Alguns tinham no Costa o seu provedor, que lá foi ajeitando as vidinhas das pedras mais relevantes mas sem levantar a crista. São os do tipo camaleão, estão sempre com um pé em cada lado, no César e no candidato sempre provável mais tarde do que cedo.
Para a troca vão destrunfando com as cartas baratas, o Congresso dos Açores não vai ser ringue para ninguém, o acontecimento tem cartas viciadas, é o adeus às armas do veterano que se digna democraticamente a aceitar um trono feito à sua medida, de onde pode passear o penacho, o de presidente vitalício do PS das ilhas do meio do Atlântico.
O futuro desta gente como será? A corrida ao pote tipo PS foi uma falsa partida. Todos os assuntos quentes da governação não têm proposta clara, não sabem.
Que a oposição não serve para dar proposta mas sim, democraticamente, controlar a ação do governo, é a versão madura do dogma à Costa. Saber jogar poker e ter nervos de aço para jogar o “tudo ou nada” é de rigor para os socráticos do parlamento, mas, o único capaz desse feito esta longe e faltam-lhe os vivaços que agiam na sombra das negociatas. Estes estão, na sua grande maioria, a contas com a justiça. O mundo das negociatas está com dono, é um Relvas que se consolida à medida que o tempo passa. As sondagens viraram o inimigo público de todos no PS.
A barraca pode ir a baixo e é isso que os move, uns porque podem ficar com o poder virtual e outros por perderem tudo. Os pequenos privilégios da herança do Sócrates podem ir pelo cano no caso de nada representarem para o mata-mata com os do poder real, ao bom estilo do ganhador Filipão. Veremos.
Armando Ramalho
Lisboa 25 de janeiro de 2013

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