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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Carta aberta aos ex-Secretários-Gerais das jotas partidárias Os últimos deste modelo político para bem da política nacional.

Meus caros: não levem a mal este tom intimista, é devido a vários factores e um deles é de os ver ainda uns meninos. Sem este considerando, o que tenho a dizer-vos teria que ser mais acutilante e ácido, dado o que ambos andam fazendo aos partidos, à democracia e ao país. É muito grave, e as consequências do desnorte colectivo a que induzem ninguém pode imaginar, com um mínimo de rigor, quais serão.

Começando com o que anda por aí no ar, não digo éter para que todos entendam, o que resulta desta façanha interna dentro do partido socialista, com uma alteração estatutária à revelia dos próprios estatutos? O contentamento da rapaziada que por tradição até votaria que a própria mãe fosse enforcada em praça pública, se com isso pudessem manter os privilégios com que à sombra do partido e do Estado ainda se vão lambendo.

É gozar com os nabos apáticos que se dizem socialistas, acenando com directas leais e justas? Querem cobrir-se de glória mentindo, mentindo sem sentido, só mentindo?
Sempre o disse, e muitos têm bem presente, que sempre fui um crítico das jotas, tal como as vi evoluir rodopiando em volta de mesquinhos interesses e à sombra de ilegítimas desigualdades, lá foram fazendo o seu caminho de verdadeiros oportunistas e vendidos em qualquer situação de eleições internas.

Há muito que as lideranças das jotas sabem que o seu peso tem de ser bem pago, e têm sido muito bem pagos, e se atendermos ao custo/beneficio diria pagos principescamente, nalguns casos seria bom que a justiça investigasse. Nunca pensaram é que o país vinha como brinde e muito mais rapidamente do que estavam à espera.

Não contaram que o tempo não permitisse o amadurecimento, e que a experiência da vida fosse adquirida e consolidada em contexto real. Ficaram sós, com as mentes ambiciosas, nascidas retorcidas e duplamente forjadas em várias escolas onde aprenderam observando, vendo a geração que os precedeu degladiar-se pelo poder.

Deixaram-lhes o Estado como herança. Só não estava nos vossos planos que esta (herança) viesse onerada com tantos encargos (dívidas, obrigações) e outros problemas, que agora não sabem resolver, nunca resolveram coisa nenhuma a não ser as vossas tristes vidinhas de valetes, a quem não servem as botas de montar que lhes calhou em sorte, porque não sabem o que é o cavalo do poder em concreto. A vossa filosofia de vida, por terem andado muito a cavalo mas…umas vezes na garupa agarrados ao verdadeiro cavaleiro, outras atravessados ao colo deste, nunca vos permitiu o domínio da besta para se manterem agora direitos e com o saber de experiência feita.

Compreendem agora a razão de ser do termo GOLPAÇA (?). Seguramente é um misto de golpe, mas reles, nunca de Estado, pois não têm peito para tanto, com fumaça. Creio que o autor do termo pensava mais em qualquer coisa que o vento leva para longe, ligeira e passageira. Não creio, julgo que esta fumaça é mais grave, vai no sentido do fumo narcótico (bem pode ser ópio do bom) que já destruiu os sentidos da dignidade democrática e do aprumo dos homens de bem, sobretudo dos que pretendem conduzir o Estado e os seus correligionários dentro da Lei e sem legitimidades obscuras, como essa ideia da aprovação “tácita” conseguida por dedução.

Pensamento de Kant, que aqui fica para memória futura: “Por meio de uma revolução poderá talvez levar-se a cabo a queda do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento”.

É bom lembrar que Kant se finou no princípio do século dezanove, estava o Napoleão por aí dando as cartas por toda a Europa, história que acabou como todos sabem…mal.

Lisboa, 2 de Abril de 2012
Armando Ramalho

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