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sábado, 2 de julho de 2011

Cegada saloia

No dia 21 de Junho de 2011 houve uma reunião pública da vereação da Câmara Municipal de Odivelas. Não estive presente e disso não me lamento. Há muito se revelou, para mim, ser um acto sem significado ou dignidade política digno desse nome.

Alguém em seu juízo o deve evitar, felizmente o povo raramente está presente, porque a linguagem é cifrada, é do tipo despachar o expediente, são de difícil compreensão os apartes por virem de outras vidas, ou estamos perante discussões já mastigadas em reuniões não públicas, secretas por natureza. Existem actas seguramente, por ser de lei, mas nesta só consta o politicamente correcto, sem substância analítica. São formais.

Mas, dias não são dias e o que há muito se previa, tendo presente o ditado “o que é mau com o tempo só piora”, o caldo entornou-se e não foi a mais por haver ainda algum tino na cabeça de algumas pessoas.

A tecnologia, para o bem ou para o mal, está aí para dar fé com realismo inexcedível do que na realidade se passou, limito-me a juntar à narração da máquina e à selecção das imagens da autoria de quem publicou as filmagens, no “Odivelas TV”, a minha especulação e convidá-los a que dedique algum do vosso tempo, vale bem a pena.

Há um vereador, de seu nome Paulo Aido, eleito na lista do PSD, que em tempos pediu a demissão do Vereador Mário Máximo, eleito na lista do PS. Como é frequente ser este a dirigir os trabalhos das reuniões públicas (nas reuniões não públicas dizem que a presidente está sempre presente, não vá o diabo tece-las) o tom é sempre de acrimónia entre eles.

Os mimos de “oportunista” e “sem vergonha” são regados em contra ponto com uma avinagrada e pérfida chamada de “V.Ex” deslocada, repetitiva e sem sentido, e daí ao desregrado despropósito intelectualismo de valeta, um abismo identitário, do outro lado os píncaros da elegância incomodada e mal contida quase envergonhada, são reveladoras das origens de onde cada um imergiu e a razões que os movem.

A realidade é que a cegada só acabou com recurso ao chamamento ao serviço da presidente, que se ocupava em emergência familiar, a emenda foi pior que o soneto.
De um lado rasgados e inusitados elogios às capacidades presidenciais na condução dos trabalhos, que mais não visavam que o afundamento por contraste do dito Máximo, um “indigno” na função. Sem se lembrarem da autoria constitutiva da criatura em causa.

Este em réplica “era o que mais faltava”, quem louva e bajula a presidente sou eu e mais ninguém. Como quem sente, e alguma razão terá dá para ver nos olhares cruzados dos restantes actores, de que “já foste”, fórmula com que são despedidos, em programa televisivo famoso, os concorrentes que não acertam por inábeis.

Há o mito de que os eleitos locais são inamovíveis. Não é fácil de facto uma vez instalados, mas a lei prevê a possibilidade. Ser jurista nesta terra ajuda e muito a levar a água ao seu moinho. Trabalhem.

10 comentários:

  1. Bajulação resulta!Tudo isto é esperteza saloia, tudo isto é triste, tudo isto é fado...

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  2. Xico,

    aflitivo é o sujeito virar Presidente da Câmara.

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  3. Classificação:

    Em política:
    1.º episódio - Mau
    2.º episódio - Péssimo

    Em humor:
    1.º episódio - Muito bom
    2.º episódio - Bom com distinção

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  4. Quando vi no Odivelas TV as cenas descritas... pensei para comigo: se eu estivesse a presidir a um sessão daquelas o Paulo Aido e o Hernâni Lopes ficavam a falar sózinhos. Eu suspendia a reunião e era a 1ª a sair. HAJA RESPEITO!

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  5. Infelizmente o Sr. Hernâni Lopes já faleceu.

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  6. AZULI,

    muito bem vinda, é um prazer ter noticias das suas preferências de estilo, mas reparou que a presidente estava muito bem no papo a papo com aqueles a quem deixaria a falar sozinhos?

    O respeito minha cara, o que lhe posso dizer não vai mais longe do que diria qualquer um, merece-se.

    Esta casa é sua volte sempre.

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  7. É lamentável que 37 anos depois do 25 de Abril ainda haja quem se esconda atrás de pseudóminos. As opiniões, essas, são resultado da liberdade que temos e não devem ser adjectivadas. De qualquer modo, devo esclarecer que Paulo Aido não pediu a demissão de Mário Máximo enquanto vereador, mas antes que lhe fosse retirada a delegação de competência relativamente ao pelouro das actividades económicas. Foi isso e só isso. Mário Máximo foi eleito em escrutinio popular.

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  8. Jose Pignatelli,

    o reino da opinião é sem duvida nenhuma a primeira expressão de liberdade do cidadão, quer a sua ou de outro qualquer.

    Um anónimo não deixa por isso mesmo de ser um ser com direitos, sendo o anonimato um deles.

    A modernidade dos novos meios de comunicação, não se pode confundir com ideias politicas do ser ou não ser.

    Quando à afirmação da demissão do Mário Máximo, das competências ou do seu exercício.

    O sentido foi legitimamente retirado do texto da notícia, qual a substancia de um vereador sem pelouros no executivo? Seria no mínimo caricato.

    Este blogue está à sua inteira disposição e sempre que entender para dizer o que quiser.

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  9. AZULI: nome de "bloger" de ANA GRALHEIRO, com foto e tudo.
    Nada de especial para quem joga limpo e me conhece como o amigo Jose Pignatelli. Boas e longas conversas que já tivemos... Um abraço.

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