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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ANO NOVO OU NOVO ESTADO?

Estamos no novo ano. Substituído o velho calendário, acto simbólico que por tão comum não damos conta de que o decurso do tempo não significa o mesmo para todos.
Para os mais filósofos o tempo é o “grande mestre” que tudo revela e harmoniza, para os pragmáticos devemos “dar tempo ao tempo”, como quem espera que sem tempo não haja obra digna desse nome, para as “urgentíssimas” pessoas “não há tempo a perder” e finalmente para os quase desesperados “já não era sem tempo”.
A passagem do tempo tem sempre consequências, umas mais sérias outras nem tanto. Para os juristas as implicações da passagem do tempo são significativas, entre elas a mais esperada, e todos sabemos como custam caro as formas dilatórias ao sistema de justiça, a prescrição. Quer de um crime ou de um ilícito que ficam sem castigo, os prazos processionais são, por regra, os percalços da profissão dos advogados.
Os políticos contam o tempo por mandatos e até ao presente podiam eternizar-se no poder. As coisas prometem mudar nesse considerando, não é certo que com tempo e engenho não encontrem forma de “dar a volta ao sistema”.
Para os militares no activo o tempo das comissões no “exterior” são a forma mais gratificante em todos os aspectos de passar o tempo, há sempre quem ganhe bem a vida só porque o tempo passa e quanto mais tempo se juntar ao tempo melhor. Quer para as compensações salariais quer para as reformas e o mais que por ai anda, sem que se saiba bem o mérito da coisa.
A sabedoria popular trata do tempo como muito bem lhe ocorrem as situações: “não há mal que sempre dure nem bem que se não acabe”, é como um lenitivo para a alma dos mal afortunados ou um olhar de inveja mal contido. O maior dos gozos com o passar do tempo retira o banqueiro com o vencimento dos juros, é o seu “ganha-pão” e quanto maiores melhor, os que os pagam sofrem com o desencontro.
Já pouco se ouve “os tempos vão maus para as culturas”, ou dito de outro modo “temos um mau ano agrícola”, nem sei se ainda existe no nosso país, o que não falta é o volume da dívida e o peso dos juros. Estamos reduzidos a estes dois parâmetros de vida até que alguém se farte da música e vá tocar para outras paragens ou vire o disco.
Os farsolas de serviço ainda acreditam que se “safam a tempo”, contam com a TROIKA para toda a obra, ora como desculpa sobre os motivos, ora como agentes da malfada obrigação que é obrigatório cumprir.
A bendita TROIKA é a fonte de todas as esperanças, o maná da nossa salvação, a arca das alianças bem aventuradas dos futuros fartos e justos para todos, pensam uns. Ao mesmo tempo é o diabo em pessoa, os tiranos que nos retiram o sangue sem o qual não sobrevivemos, dizem outros.
Dá para esperar melhores tempos? Temos de fazer alguma coisa nesse sentido. Quem só espera pode desesperar e nada de bom vem com o desnorte de quem não se cuidou. São muitos que há muito não agem nem pensam. O problema já sobra para os distraídos.
Fim dos tempos? Não creio, os farsolas de serviço deveriam usar a TROIKA como se de Viagra se tratasse “que só age mediante estímulo”.
É o modo simples de isto dar certo.

NOVA ODIVELAS 6/1/2012

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