Política é isto mesmo? O que nos
é dado observar neste últimos dias? Um leve murmúrio de se querer saber quando
são as eleições internas do partido, e parece que a casa vem abaixo.
Penso saber, e se não é verdade
que me digam: temos um primeiro movimento que faz parte do passado recente. Não
vi vivalma atacar o Sócrates enquanto este tinha o poder no partido, embora já
corrido das funções da governação. Caldos de galinha nunca fizeram mal a
ninguém. Sócrates fez como quis: um grupo parlamentar com os seus. Ninguém
levantou a mais leve contestação a um gravíssimo entorse na vida interna de um
partido dito democrático. Foi um fartar vilanagem. Tozé não foi banido por
pouco, Mário Soares pode explicar. Costa teve o mesmo comportamento de sempre, “não
me comprometam”.
Num segundo tempo Tozé tem o
caminho livre para SG, Costa não está para aí virado, é muito novo e tem cargo
que lhe baste. É em desespero que é lançado o Assis, os socráticos acordaram
tarde quando tomaram consciência que o “paizinho” tinha dado o salto para bem
longe. Costa sabe que é necessário um jogo de cintura, não pode ficar com a
imagem de Pilatos, joga fraco pelos desvalidos e não hostiliza a nova vaga.
Porque ganha facilmente o Tozé?
As Federações com as respetivas Concelhias, meia dúzia de gatos, viram o fim do
filme com nítida clareza. Tozé é da mesma massa com que são feitos os
carreiristas, em geral mulas caladas que esperam a sua oportunidade, sem ondas,
e como não tem peso no Parlamento vai precisar de nós, cogitam, coligam-se,
ganham com folga. Somos os caciques da raia miúda, os carreiristas, os
golpistas de pequeno gabarito, mas tomam consciência do seu peso em matilha. Os
arrivistas da turma do Sócrates metem-lhes medo. Querem as modernices dos
franceses, querem que o povo vote nas eleições do PS. Mais vale a morte que tal
sorte. E foi assim.
O desempenho imediato do novíssimo
e legítimo SG é todo no sentido de consolidar o seu poder, e se assim pensa
melhor pratica. É um desatino por esse país fora. Designa e confirma os
candidatos a presidente de câmara, garante lugares a torto e a eito. Os
socráticos do parlamento ficam calmos, não contestam ninguém, jogam o jogo pelo
jogo, há muito tempo pela frente, o pragmático líder da bancada não faz sombra
a ninguém, a presidente do partido também não levanta ondas, Almeida Santos faz
de tabelião, sabem que o momento chegado vão todos cair para o lado que ganhar
a cartada do “tudo ou nada”.
Estamos quase lá. O trabalho das
nomeações para as câmaras está feito, foi de mestre o Tozé não ter embarcado em
colocar os triplos-presidentes como candidatos, honra lhe seja feita.
A bancada dos socráticos tarde
descobre que o trabalho da aranha era uma armadilha. Como o Sócrates sempre
considerou as bases do partido assunto de segunda grandeza, ficaram-se pelos
jogos palacianos, não souberam cuidar dos votos e dos caciques espalhados pelo
país. Alguns tinham no Costa o seu provedor, que lá foi ajeitando as vidinhas
das pedras mais relevantes mas sem levantar a crista. São os do tipo camaleão,
estão sempre com um pé em cada lado, no César e no candidato sempre provável mais
tarde do que cedo.
Para a troca vão destrunfando com
as cartas baratas, o Congresso dos Açores não vai ser ringue para ninguém, o
acontecimento tem cartas viciadas, é o adeus às armas do veterano que se digna
democraticamente a aceitar um trono feito à sua medida, de onde pode passear o
penacho, o de presidente vitalício do PS das ilhas do meio do Atlântico.
O futuro desta gente como será? A
corrida ao pote tipo PS foi uma falsa partida. Todos os assuntos quentes da governação
não têm proposta clara, não sabem.
Que a oposição não serve para dar
proposta mas sim, democraticamente, controlar a ação do governo, é a versão
madura do dogma à Costa. Saber jogar poker e ter nervos de aço para jogar o “tudo
ou nada” é de rigor para os socráticos do parlamento, mas, o único capaz desse
feito esta longe e faltam-lhe os vivaços que agiam na sombra das negociatas. Estes
estão, na sua grande maioria, a contas com a justiça. O mundo das negociatas
está com dono, é um Relvas que se consolida à medida que o tempo passa. As
sondagens viraram o inimigo público de todos no PS.
A barraca pode ir a baixo e é
isso que os move, uns porque podem ficar com o poder virtual e outros por
perderem tudo. Os pequenos privilégios da herança do Sócrates podem ir pelo
cano no caso de nada representarem para o mata-mata com os do poder real, ao
bom estilo do ganhador Filipão. Veremos.
Armando Ramalho
Lisboa 25 de janeiro de 2013
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