A soberania do país é meramente
formal, o Estado está paralisado e é esbulhado por uma classe
política-financeira que se protege metamorfoseando-se, espezinhando as famílias,
as empresas e a escola.
Chegados às consequências
improváveis, o senário é aterrador. Não temos futuro nem promessa, o reino foi entregue
a netos sem rasgo ou legitimidade, massacra o povo a mando de saberes
experimentais de organizações das quais são meros serventuários, numa ilusão
balofa e vã.
Terra de gente que com a idade avolumando
se rende num conformismo gélido, aqueles que ainda sentem forças desesperam por
um sentido que os anime, os mais novos e aptos fogem por ser mais fácil, os que
restam vivem dos saldos de uma vida que ainda sabem preservar.
Um poder que destrói os valores que
devia preservar e promover, elevou o Estado de Direito a uma quimera, sem
vislumbre de separação de poderes. A cobardia de uns e a avidez de outros
aplainou as vontades, a rendição é total e só resta o desnorte coletivo.
Que fazer? O tempo não é de
“enterrar os mortos e cuidar dos vivos”, mas será necessário que a natureza
abrevie o prazo da chegada das misérias que nos cercam e que muito em breve se
podem agigantar sem controlo?
Não temos de resolver uma situação
de pós-guerra ou calamidade generalizada, o problema que temos pela frente é de
uma grandeza muito mais inquietante e reside na incerteza de não sabermos se é
possível dominar a besta que está germinado de modo descontrolado, alimentada
por políticos dementes em conluios espúrios.
A separação de poderes foi
desmembrada. Os poderes constitucionais não são exercidos, o poder Judiciário
não é tido por sério, o poder legislativo devia ser independente de todos os
outros, “o poder dos poderes”, a realidade fez dele um efetivo pau mandado do
executivo, que, entre o poder financeiro interno e externo e os conclaves
internacionais a que assiste, se deslumbra e estonteia.
Que fazer de um Presidente que de
garante das Instituições já pouco lhe resta? As soluções não passam seguramente
por uma vontade diminuída de quem o povo já nada ou pouco espera. Como resolver
uma situação de impasse desta natureza estranha e para a qual não há
voluntarismo possível ou credível? Esperar e nada tentar? Será essa a única
solução possível?
Por meio de uma revolução poderá talvez levar-se a cabo a queda
do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma
verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os
antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento.(A Preguiça como Obstáculo à
Liberdade Emmanuel Kant)
Que fazer? Este pensamento confirmou-se,
o povo soberano conformou-se com histórias de crimes sem castigo de sucessivos
governantes, nas múltiplas formas de corrupção política, dos negócios
criminosos, dos subornos generalizados, do nepotismo desbragado, do
clientelismo desenfreado.
Todos sabemos que o poder tende a
corromper, e que o poder absoluto corrompe absolutamente. Assim sendo,
impõem-se um limite a este larvar totalitarismo em que se transformam os
governos eleitos, formalmente democráticos.
Como desatar este nó político moderno?
As liberdades políticas individuais estão controladas com falsa legitimidade, o
abuso do poder em nome do Estado ameaça a soberania de cada cidadão
retirando-lhe o direito a dispor do fruto do seu trabalho. Estamos na servidão
pela sobrevivência.
O progresso e o bem-estar de todos não
são possíveis em sociedades onde a corrupção se estende ao mais alto nível da
administração pública.
A ação política possível, desejável e
necessária deve visar uma transformação imediata e completa das organizações
políticas e sociais, assente numa efetiva vontade geral, consequência da
supremacia da ação política, subordinando o determinismo económico.
A ação política imediata consequente
deve propor a demissão do Presidente, como sendo a única forma possível de se
poder candidatar alguém que tenha, como proposta de salvação nacional, a
criação de um novo sistema político, com base na criação de novos partidos e
consequente revisão constitucional, que vise uma moderna organização dos
sistemas representativos, com o efetivo controlo democrático do pleno
funcionamento das instituições.
O destino dos povos não está determinado
nas crenças mas sim nas ações concretas de todos os seus membros, com reais
efeitos na sociedade, que a todos envolva e em que todos se sintam parte
efetiva.
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