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domingo, 6 de fevereiro de 2011

“pai mata advogado com seis tiros”.

Na primeira viagem ao Brasil julguei-me, por vezes, dentro dos livros de história, em especial no momento em que pela praia deserta olhava o mar na direcção da Europa, pensando no que teriam sentido os portugueses da época dos descobrimentos, com o sentimento de distância, seguramente muito mais consistente que o nosso da era do jacto.

Vem isto a propósito do relato desta corja de jornalistas que vivem para títulos como o merceeiro vive para os preços simbólicos, do qualquer coisa e 99. A psicologia vem dar razão a quem marca preços ilusórios com os 99 e não sei quantos, dizem que quem lê interioriza menos que cem. Os culpados em última análise é quem lê assim, muito bem.

Um título jornalístico de hoje no Expresso levou-me a ler o artigo todo. Fui enganado. Como reza é assim: “pai mata advogado com seis tiros”. O que se pode deduzir deste título?

Um pai mata advogado a tiro, e por razão do nosso subconsciente a questão é posta: o que terá feito o pobre? Lida a notícia, nada de substancial como advogado, pois a realidade é a de um crime em família e a profissão de advogado ser totalmente colateral.

Um sogro mata o genro ponto final, ser advogado ou não é totalmente secundário,
assim como a profissão da filha do assassino, o facto de ser juíza só pode ter relevância social, nada mais.

Um palavrão de indignação para estes jornalistas de meia tigela: vão para a pata que os pôs, como diria a minha avó.

O poder paternal foi sumariamente resolvido por um sexagenário com a profissão de engenheiro, muito mais rápido que um supersónico tribunal.

Moral da história: ainda há quem diga que as classes baixas são violentas, estas não se matam a tiro pela a guarda dos filhos, quem quiser que os crie, e ainda bem.

Ser advogado só complicou a vida ao reformado engenheiro?


armando ramalho

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