Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 29 de março de 2013

O cordeiro da Páscoa



É muito conhecida a história de que barcos, casa de férias e amantes, dão duas enormes alegrias, uma quando são novas, outra, ainda maior, quando nos livramos delas.
Com Sócrates é um pouco desta disfunção humana que se observa: tivemos uma deslocada petição a pedir que o ex-primeiro não falasse na TV pública, razões anotadas, as mais reacionárias possíveis, uma envergonhada contra, que sim, a que ninguém deu relevo.
O homem veio confiante nos seus fiéis seguidores, que nas últimas eleições o confirmaram como possível primeiro-ministro, o mesmo milhão e meio que agora o quis ver, ao vivo e em direto.
Se o mesmo número não chegou para ganhar nas últimas eleições a que se candidatou, dado que um milhão mais fez a diferença, em TV é um valor absoluto, ainda a milhas do primeiro passo do homem na Lua em 1969, mas também muito superior às audiências dos maiorais em funções.
Sócrates não foi o cordeiro nesta Páscoa. Foi leão e raposa como mandam os manuais, soube bem a muita gente, mesmo àqueles que estavam fartos da sua pesporrência. Estou convicto de que os portugueses se sentiram levemente vingados, pois também gostariam de dizer duas coisinhas ao senhor Presidente da República.
Agarrou-se aos seus factos, e a realidade psicologicamente bem arrumada mais parecia a velhinha muralha de aço, não havia volta a dar, o par que tinha pela frente não tinha o peso necessário neste duelo.
Só vi uma tourada à espanhola na vida, foi em Sevilha com o Pedrito de Portugal, faz anos, mas tenho na memória o terrível silencio quando o toureiro e o touro estão prontos para os momentos finais. O respeito da morte, não encontrei outro adjetivo. Foi de arrepiar ouvir o rodar de pés do matador na areia dura de uma praça com dezenas de milhares de almas suspensas de um final sempre incerto.  
Tive um misto destes sentidos quando o Sócrates se atirou ao presidente. Não houve a famosa estocada de morte como teria sido bonito de ver. Prevejo com facilidade os movimentos políticos, são quase todos muito previsíveis é bem certo, mas para ser franco, confesso que creio ter visto o começo de uma “guerra” muito violenta no sistema político.
É bom que se clarifique de vez os caminhos de um povo que está a passos de “estar por tudo”. Mais vale a morte de que tal sorte. É o momento da verdade que chega.


Sem comentários:

Enviar um comentário