Em conversa com um amigo recente de Manuel Maria Carrilho, (MMC) veio à baila este actor político pelas opiniões de hoje no Público, sobre o Primeiro-ministro Sócrates, onde o acusa de “trair o interesse nacional”.
De argumento em argumento, com uns prós e contras em mãos, sem conclusões que o levassem ao tapete das evidências, como é de regra também nestes debates, resolveu o meu amigo fazer um desafio. Escreva o que pensa de MMC e depois falaremos.
Tentando alinhar ideias, mas longe de o (MMC) imaginar como meu paciente em divã de psico. Nem é esse o nosso objectivo, meu e do amigo comum, somente tendo em conta a coerência da acção política que o move neste processo de profundas mudanças, e que vão varrer de alto a baixo este pântano que fede e onde é perigoso baixar a guarda.
Centrados no tema que nos interessa “quais são os objectivos políticos de MMC” por hipótese especulativa temos que encontrar pelo menos um, de outro modo a análise não pode ir mais longe. Pois desse modo só teríamos um analista político com ódios de estimação ou contas a acertar e ponto final.
Se a coerência existe esta leva-me a considerar que qualquer acção humana, livre e não constrangida, obedece a um princípio básico da vontade e do interesse, logo, temos que, observado o conjunto, este deve revelar os fins que a determinam. Reduzindo o todo ininteligível, como recomenda Descartes a elementos compreensíveis, reagrupando estes num todo coerente só podemos concluir que este político tudo tem feito para ser candidato a presidente da república.
Consolida a sua vida profissional e académica no topo da carreira, adere ao partido socialista com mais de trinta anos, com este na oposição, com suficiente lastro temporal para estar solidamente posicionado o momento chegado. Creio sem muito especular que as suas amizades socialistas parisienses estão de alguma forma ligadas à sua ascensão meteórica a ministro.
Como não é popular nem se vislumbra na sua acção política/mediática a mais leve ligação a uma causa caritativa ou mesmo cívica, estabeleceu-a na linha dos afectos com as massas, com uma eficácia assinalável ao constituir família com uma simpática e agradável personagem mediática que reside nos nossos ecrãs televisivos.
Candidato à mais importante câmara do país é derrotado por uma figura parda e de segunda linha do PSD, cujo nome poucos retêm, derrota tão mais emblemática pois ficou associada a um mau perder pouco digno. Sequelas que perduram nos tribunais onde é demandado em meio milhão de euros por Cunha Vaz a quem acusou de vários mimos. É bom ter presente que, mesmo em bate boca eleitoral, as ofensas à honra são severamente fustigadas pelos nossos Juízes.
Temível não só pelas ligações às elites mundanas, as que se espraiam na chique cidade difusora das modas globais, com a superioridade dos legítimos detentores da herança dos pensadores das luzes, mas também por ser comum a este “beau monde” de diplomatas e altos funcionários comunitários, que podem fazer e desfazer qualquer um. Político avisado não hostiliza este tipo de personagem, em regra de uma eficiência notável a criar factos políticos no vazio.
MMC é também um ser político partidário corajoso, não desperdiçando submeter a rupturas as suas ligações neste movediço terreno quando se esgota o objectivo útil da sua conveniência, sem ser oportunista é muito oportuno nos momentos de clivagem,
aí não é raro ver o seu oponente desviar o corpo da luta criando anteparas com as figuras que se prestam a tais funções. Os seus talentos estão desencontrados com aqueles que são os donos do voto, é como aquelas máquinas muito imponentes mas que não servem para levar a família à praia, mas a sintonia é possível, reduzindo uns e elevando os outros, todos ganham.
Este político de sessenta anos tem pela frente mais cinco anos para gerir os seus múltiplos tempos de antena, criando a imagem que melhor servir os seus desígnios. Porque se mantém MMC como militante do partido socialista? É de elementar juízo verificar que a maioria do eleitorado nacional é, por diversas razões, maioritariamente de esquerda, não sendo previsível a curto prazo que um desconhecido possa emergir vindo do nada para candidato fiável à presidência da república.
Não sendo homem de “tropas”, mesmo sem gravata aparenta estar a quilómetros dos estratos sociais que o poderão levar a qualquer liderança partidária em democracia, outra história bem diferente é uma candidatura a presidente da república. Já tem um modelo de “Mariana” em casa que substituirá, com enorme vantagem, as históricas primeiras damas, é meio caminho andado nestas jornadas, impossíveis sem se ter uma parceria activa comunicadora e muito empenhada a seu lado.
Catedrático com agregação como gosta de sublinhar, ostenta a Légiom d`Honneur e
variadas outra insígnias das mais diversas latitudes, que não deixarão de figurar num brilhante passado de honrarias e reconhecimento devidos a um estadista, a sublinhar uma personalidade polémica frontal q.b. para fazer um verdadeiro brilharete que nos fará esquecer a última e de triste memória campanha eleitoral para a presidência.
Comece quanto mais depressa melhor a preparar os meios e os aliados, não poderá passar sem uma boa dúzia de fiéis em quem terá de confiar. Os níveis de necessidade estão muito altos. O mais são detalhes, como todos sabemos.
É esta a melhor prosa que foi possível amanhar, mas sem pretensões, é especialmente para o meu caro amigo guardar com a data de Abril de 2011, após o pedido de ajuda ao FMI ou FEEF como alguém com a graça do costume nos quer impor.
Conclusão:os disponíveis não dão garantias; os capazes não estão disponíveis.
ResponderEliminarNão sei se é legítima a minha conclusão, fundamentada no seu artigo. Mas do que observo, tiro esta mesma conclusão.