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terça-feira, 2 de setembro de 2014

OS PÉS DE POMBO ESTÃO CRIANDO MEDO ?

OS PÉS DE POMBO ESTÃO CRIANDO MEDO ?

(os pés de pombo são os rapazes descalços de Lisboa)

É hoje noticiado pelos jornais que os super-pesos pesados do partido socialista se juntaram ao candidato António Costa ao pequeno almoço, para lhe demonstrar público apoio político à sua candidatura.

Nada de mais em gente livre e militantemente empenhada na vida do partido. Só que todos juntos dá que pensar: porquê todos juntos? Por si só não são importantes? Claro que sim. A razão da manifestação em grupo só pode ser entendida pela necessidade objetiva da candidatura do apoiado.

Então temos que concluir que as sondagens não revelam uma tão larga margem de vitória do invencível Costa, e que seria desejável uma manifestação musculada.

Tudo bem pensado e melhor feito, só que eu, que sou um tipo tramado, não gosto que me vendam candidatos. Não havia necessidade destas figuras fazerem um papel pouco digno do seu passado e alguns, mesmo do seu presente, empenhados que estão na coisa pública.

Só agora e em grupo, cheira a pouca imparcialidade democrática, roça um forçar de vontades do tipo banha da cobra. Os pés de pombo estão fazendo medo?

Pois que durmam mal que é muito bem feito, há muito que já se poderiam ter manifestado livre e espontaneamente. Assim, é legitimo pensar que só agem por conveniência. Lamento muito, mas não penso bem destes meus camaradas, Jorge Sampaio, Almeida Santos, Vera Jardim e Manuel Alegre.

Mário Soares brilha muito alto e muito acima desta malta toda, adere sem ser empurrado, de sua livre e espontânea vontade, uma lição de dignidade democrática.

Vai fazer muita falta o seu exemplo.



domingo, 13 de outubro de 2013

O dia da Peste Negra para o sistema Político Nacional



Vamos admitir que o resultado das eleições autárquicas de Setembro 2013 davam ao PS de António José Seguro todas as câmaras emblemáticas do país, incluindo o Porto e Coimbra, com votos a rondar os 2,2 milhões. Valores só possíveis se a abstenção se mantiver nos habituais 40% e os funcionários públicos e desempregados terem dado o seu voto de protesto ao PS.

Seria uma grande festa para os lados do Rato em Lisboa? Possivelmente o seu discurso de vitória seria pedir aos militantes em delírio “calma”, “muita calma”, afirmaria nas TVs que o governo tinha uma “derrota expressiva” das suas políticas, e que o povo tinha dado ao Partido Socialista “uma responsabilidade acrescida” para pedir eleições legislativas antecipadas, teria toda a legitimidade do mundo para tal.

Só que não lhe desejo tal sorte. Seria a peste negra para o PS, uma herança com a qual ele não saberia o que fazer, uma desgraça para si e para o país, pois a esperança dos dois milhões de desesperados morria logo ali, dado que, como todos sabemos, o pobre não sabe nada ou quase, não lhe é reconhecida competência alguma em manobras de alto gabarito, pelo que se tem visto é somente um esforçado militante em volta nacional, como faria um viajante comercial de doutros tempos, que não estes da Net e TV Satélite.

Vejamos: não tem ambição nem mau feitio, não tem ponta de Alberto João nem dedo de Pinto da Costa, é só um bom rapaz ao que dizem, mas isso não chega para descalçar o par de botas em que estamos todos metidos. Pelo que sei acredita no que ouviu dizer a François Holande “que o simpático ganha sempre no fim”, beija e abraça como ninguém, mas não chega para ser PM. Mário Soares já não o cauciona, bem pelo contrario, diz que “está mal”.

A peste negra para todo o sistema político é em primeiro lugar a abstenção, se passar dos fatídicos 50%, bem longe dos “normais” 40%, mas pode ser ainda mais negro se os valores da dita ficarem perto dos 60%, o que não é de todo irrealista como pode parecer. Estes valores permitem uma serie de ponderações conjugadas com os valores dos dois maiores partidos, os outros quadros possíveis não são do âmbito governativo, e como tal, não são considerados.

Um subida de 10% na abstenção são menos 600/700 mil eleitores e, caso dobre, 20% correspondem a uns “magníficos” 1,5 milhões a virar as costas à democracia representada por estes partidos, ditos do “arco da governação”. Qual o reflexo nos valores absolutos e percentagens em tais hipóteses?

O PS não espera menos de 1,5 milhões, os mínimos de Sócrates em 2011, mais os votos de protesto das “sacanices” do PSD, que podem bem ser da ordem dos 600/700 mil, os mesmos que podem ir para a abstenção, o que lhes daria a tal “taluda” dos 2,1/2,2 milhões de votos. Teríamos um final feliz ou quase. As más línguas seriam postas a recato e o drama começaria dentro de minutos.

Em tal cenário o PSD andaria pelas franjas do 1,3/1,6, os resultados naturais na era de Sócrates, antes deste ser despedido nas últimas legislativas por mau carácter e já poucos terem paciência para tanta imposturice.

O mais saudável para todos os portugueses é que o voto do próximo domingo represente, com a maior clareza possível, a realidade e que os actores em cena tenham um sério aviso de que os seus partidos, e eles próprios, também têm muito a perder, não são só o sistema político e os honrados cidadãos as únicas vitimas das suas graves irresponsabilidades na governação do país.

Veremos.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Via Verde é a minha “swap” secreta.

Quando me candidatei a Direito pediram-me quais as razões da minha motivação para o curso, recordo ter escrito que o futuro nos traria problemas graves, dado que as relações em sociedade tenderiam para o conflito constante e que só uma formação jurídica poderia obstar a que um cidadão não fosse devorado pela ganância e a prepotência do mais forte.

Frequentemente o próprio Estado, nas suas várias matizes, veste a pele de lobo mau e abusa do seu poder efectivo face ao cidadão. Por nós, só temos a Lei e o sistema de justiça quando funciona.

Nunca considerei que os prestadores de serviços em concorrência e em mercado aberto se permitissem práticas impróprias de um Estado de direito. É certo que não desconheço a lei das Clausulas Contratuais Gerais D.L. Nº446/85 de 25 de Outubro, que visa proteger o cidadão dos articulados que estes não podem influenciar quando contratam com as grandes companhias, o que acontece quase sempre é uma adesão cega, do tipo “pegar ou largar”.

Este DL prevê no seu artigo 15º “são proibidas as cláusulas contratuais gerais contrárias à boa fé”, é nesta norma que o cidadão de boa fé pode reclamar em juízo (tribunal) o seu direito, mas os custos em advogado, e as ameaças da elevação de coimas, caso não pague voluntariamente, desarmam o bom cidadão que aceita a custo, mas paga. Com vários estratagemas, estas companhias arrecadam somas “colossais”.

No regresso de férias, uma carta registada da Via Verde diz-me: Fica V. Exa. Notificado, nos termos do nº4 do artigo 10º da Lei nº 25/2006 de 30 de junho e suas alterações, na qualidade de agente da pratica das infracções...., proceder ao pagamento das respectivas taxas de portagem e custos administrativos associados. Montante de 485,45 euros.

Regularizei de imediato a fonte da “infracção” nos serviços da Via Verde, com a colocação de novas baterias no sistema de identificação que se tinham esgotado por anos de serviço, a origem do montante elevado é devido ao facto desta companhia estar autorizada nesta Lei a cobrar o valor mais alto da portagem trespassada e sempre no mínimo de 25 euros “ ipsis verbo”.

Mas há outro “criminoso” nesta história. Esta majestática companhia demorou 5 (cinco) meses a localizar o proprietário do veiculo instrumento da infracção, residente em Lisboa, na mesma morada há mais de 40 (quarenta) anos. É natural que não queiram ter empregados, estão no seu direito, não se pode é comportar como o usurário que deixa correr o tempo pois sabe que ganha em juros, seguros na famosa Lei que em substância prevê que o cidadão em regra é culpado. Não está prevista uma simples avaria do sistema em si.

Segundo a previsão desta norma, pode ser multado o proprietário do veículo mesmo que este tenha sido furtado.

É legítimo pensar que esta Lei foi aprovada democraticamente, feita por juristas, votada no interesse da comunidade, eu não acredito, pois só desta forma se compreende que em caso algum a contra parte da Via Verde pode ter razão.

Vamos ver, quanto a mim estamos a regressar em acelerado aos tempos da velha senhora.

Cuidado se tem “Via Verde” confira sempre à saída (a entrada não há aviso para ninguém) do sistema, se a cor é bem verde, se for um amarelo esverdeado o melhor é ir aos serviços da companhia, evita um “swap” secreto. Nos parques é diferente só entra se estiver tudo bem.

sexta-feira, 29 de março de 2013

O cordeiro da Páscoa



É muito conhecida a história de que barcos, casa de férias e amantes, dão duas enormes alegrias, uma quando são novas, outra, ainda maior, quando nos livramos delas.
Com Sócrates é um pouco desta disfunção humana que se observa: tivemos uma deslocada petição a pedir que o ex-primeiro não falasse na TV pública, razões anotadas, as mais reacionárias possíveis, uma envergonhada contra, que sim, a que ninguém deu relevo.
O homem veio confiante nos seus fiéis seguidores, que nas últimas eleições o confirmaram como possível primeiro-ministro, o mesmo milhão e meio que agora o quis ver, ao vivo e em direto.
Se o mesmo número não chegou para ganhar nas últimas eleições a que se candidatou, dado que um milhão mais fez a diferença, em TV é um valor absoluto, ainda a milhas do primeiro passo do homem na Lua em 1969, mas também muito superior às audiências dos maiorais em funções.
Sócrates não foi o cordeiro nesta Páscoa. Foi leão e raposa como mandam os manuais, soube bem a muita gente, mesmo àqueles que estavam fartos da sua pesporrência. Estou convicto de que os portugueses se sentiram levemente vingados, pois também gostariam de dizer duas coisinhas ao senhor Presidente da República.
Agarrou-se aos seus factos, e a realidade psicologicamente bem arrumada mais parecia a velhinha muralha de aço, não havia volta a dar, o par que tinha pela frente não tinha o peso necessário neste duelo.
Só vi uma tourada à espanhola na vida, foi em Sevilha com o Pedrito de Portugal, faz anos, mas tenho na memória o terrível silencio quando o toureiro e o touro estão prontos para os momentos finais. O respeito da morte, não encontrei outro adjetivo. Foi de arrepiar ouvir o rodar de pés do matador na areia dura de uma praça com dezenas de milhares de almas suspensas de um final sempre incerto.  
Tive um misto destes sentidos quando o Sócrates se atirou ao presidente. Não houve a famosa estocada de morte como teria sido bonito de ver. Prevejo com facilidade os movimentos políticos, são quase todos muito previsíveis é bem certo, mas para ser franco, confesso que creio ter visto o começo de uma “guerra” muito violenta no sistema político.
É bom que se clarifique de vez os caminhos de um povo que está a passos de “estar por tudo”. Mais vale a morte de que tal sorte. É o momento da verdade que chega.


sábado, 16 de março de 2013

“Reforma do sistema político e os perigos do populismo”



Opinião de Armando Ramalho
Sobre o artigo de Daniel Oliveira
“Reforma do sistema político e os perigos do populismo”
Expresso 15 de março de 2013-03-15

 Daniel Oliveira (D.O.) tem uma enorme vantagem sobre muitos que expandem as suas análises políticas pelos jornais, radio e TV. Sabe escrever bem português e quando comunica falando imprime às palavras a sua enorme convicção de verdade, o que não é um facto menor, bem pelo contrário, joga a seu favor e por vezes coloca nas tábuas os seus interlocutores menos preparados.

Mas aqui, sobre o tema dos “perigos” para o sistema político, faz triste figura. Só pode ser desnorte seu querer ter o monopólio da defesa da democracia em exclusivo. Estamos perante um D.O. tipo espermatozoide, que não sabe porque se agita, só sabe que se deve agitar, está-lhe no código genético. Agita-se por estar vivo ou está vivo para se agitar? Não deve saber.

Já vimos nesta vida vezes demasiadas, quer “opinadores” quer políticos dar o “corpo” ao manifesto (sentido fiscal) pela pureza das suas ideias e superior qualidade dos propósitos para o bem comum. Há mesmo uma anedota que se conta, que estão no “céu” muitos bem-intencionados a fazer de ventoinha na secretária do chefe, tal é o seu apego a rotações sobre o bem geral.

Na sua abertura D.O. faz de “Maia” prevendo tsunamis de manifestos “avulsos”, “menores” seria melhor, que se vão entreter a “malhar” no sistema político. Concede que há “umas” acertadas, o que empresta credibilidade à narração que se segue. No essencial defende que: os pobres deputados não devem estar em exclusivo nas funções, pois afirma que assim se profissionaliza a função. O senhor é cego? Seria muito bom que os que lá estão fossem na realidade profissionais sérios e competentes, mas infelizmente a grande maioria não reúne nenhum dos critérios.

Outra de que também não gosta, é “a redução drástica do financiamento dos partidos”. Ou é ingénuo ou tenta mentir, eu não acredito que D.O. pense um minuto que seja, que os partidos só vivem do que recebem do Estado via Assembleia da República. Seria no mínimo ridícula esta sua candura.

O “desfoque” é o triste “triplo erro” na sua opinião, a saber: aponta os signatários dos manifestos, em geral, de serem ignorantes sobre as fontes dos nossos problemas. Bem malhado, o Relvas não diria melhor. Junta, em abono da sua clarividência, que estão todos colaborando com o inimigo, responsáveis futuros do que nos vier a acontecer. Neste ponto roça o crime de injúria, mas deve ser o efeito “espermatozoide” que se manifesta.

O seu segundo ponto é uma pérola: imputa aos signatários presentes e futuros o vício de querer retirar da política as ideologias, crime maior, vamos todos morrer de fome e sem cuidados de saúde por termos tido a ”tentação” de quere comer da, ou mesmo a própria “árvore proibida”. Ó D.O. vá dar uma volta ao bilhar grande por favor e arrume melhor essa sua cabecinha, a “luz” só o tocou a si ou é uma encomenda que teve de cumprir?

O seu “tércio” pertence à família dos antecedentes: “não é o momento”, e refina ao afirmar a “inutilidade por vazio programático” pois a democracia vai à vida se a agitarmos. Deixa compreender que a “coisa” está podre, mas é muito melhor assim pois se se mexer, BUM!.

Conclui com uma bandarilha enfeitada de “regeneração” e “morte do voto popular”. É OBRA.


domingo, 10 de fevereiro de 2013

FUTURO INCERTO



Como nos podemos entender se é tão frequente, mesmo na nossa na casa, pensarmos ter ouvido: (a) quando o proposto era (b) e em resposta saiu um (c) fora de contexto. E por vezes até faz sentido. Na realidade ninguém viu resolvido o que pretendia, por ser necessário à boa harmonia familiar uma boa comunicação.

Temos uma montanha de problemas como país, sendo o mais grave a enorme dívida que devemos pagar, mais tarde ou mais cedo. A hipótese do “não pagamos”, todos concordam que seria uma muito má ideia. O melhor é pensar a forma de a pagar sem darmos má conta de tudo o resto, que somos nós todos.

Não é fácil pensarmos ordeiramente no problema sem sabermos de que contas falamos: os vencimentos das dívidas estão organizados e resolvidos em cascata, isto é, o esquema viciante de gente pouco séria é pedir a uns para pagar a outros. Neste jogo, onde os Estados são os parceiros, não há inocentes. Todos sabem do esquema, e todos fazem o que lhes mandam fazer. Num país como o nosso sempre se soube que os níveis da dívida tinham passado os limites, sobre qualquer ângulo de análise. Mesmo o pobre, quando a esmola é grande, aceita, mas pensa no que pode seguir-se de menos agradável.

Aqui chegados, os números são como na guerra, quanto devemos? Todos julgamos saber, é o valor de um PIB anual e mais metade de outro ano, qualquer coisa como 189.731 milhões de euros a 30 de setembro de 2012. Devemos pagar quanto e a quem e quando? Poucos sabem ao certo, é o truque do costume, uma espécie de bruxedo só para iniciados. Mas há quem saiba que a coisa se apresenta mais ou menos assim: um terço desta maquia, ou seja mais coisa menos coisa, 65.000 milhões, é à famosa troika. A diferença de 120.000 milhões, é dívida espalhada entre bancos e outras entidades nacionais, que por sua vez a devem a alguém. A fatia mais relevante é, ironicamente, garantida pelo próprio devedor, o Estado.

O gravíssimo problema é que, neste pacote, estão somas muito importantes, fruto do trabalho de milhões de portuguese em vidas de poupança, precavendo o futuro. Quem vai responder, o momento chegado, a pagar o que lhes foi confiado? Ninguém quer pensar nisso, mas se a famosa roda do empresta aí para pagar ali parar? É o mais certo. A solução para muitos devia constar do primeiro parágrafo, mas a vida não é novela, morre aqui e reaparece ali noutra personagem. Tempo é preciso, tempo, é certo que sim, mas para quê? Quem nos vai resolver o problema? 

O Chefe de Estado está tolhido como criança que teve má nota na escola. O Governo mais parece uma agência de emprego temporário de secretários de Estado, uns saem por inaptos outros a contas com a justiça. Os partidos da oposição são um sarilho político, pois são mais oposição entre eles do que ao próprio Governo.

E como não há história sem drama, temos em formação, como modernamente se diz, a tempestade perfeita. O partido, dito da alternância, entrou em espiral, roda cada vez mais rápido em torno de si mesmo. Será seguramente um valente tornado que se avizinha, promete que não fica pedra sobre pedra. É o mais provável, o fundador do partido já pouco pode, lamentavelmente, e, como é sabido, se uma geração cria a seguinte mantém, e a dos netos estoira com tudo.

Estamos condenados à caridade de uma europa às aranhas, como ela própria? Julgaram estes maus atores que, de entre mortos e feridos alguém escapa, e é isto que têm para oferecer? Não tenhamos ilusões. O PS nunca mais será um partido com capacidade de governo. Os fatos são estes: António Costa confessou ao país que os membros do “seu governo camarário” são seus sócios e parceiros na forma de resolver a liderança do partido Socialista. Os adjuntos de fortuna nesta bisonha são um verdadeiro arco-íris de atores internos sem estaleca própria; Francisco Assis representa uma ideia de norte, tarimba diversa, câmara municipal e europa; Pedro Silva Pereira, o adjunto do ausente Sócrates, com as provas públicas bem presentes.

O mais jovem, Sérgio Sousa Pinto, para quem não saiba, ocupou o lugar de Seguro junto de Mário Soares, aí cresceu sem ondas ou rasgo, desenvolto com ar de chique e “nouvel vague”.
Não sei o pensa António Costa, como vai o país sair deste aperto, que promessas pode fazer que possam ser entendíveis e cumpridas. Que tipo de confiança pode dar a um povo sem horizontes? O que sabe dos governantes desta nova Europa? A América diz-lhe alguma coisa? Alguma vez falou com alguém desse lado do mundo ou de qualquer outra latitude? Por exemplo África? Sem ser os conhecidos dotes de bom advogado e de político caseiro, até agora com bastante sucesso, sabe mais alguma coisa? Poderia ter feito muito melhor? Um estadista é um solitário por natureza, teve bons mestres, o último elevou a farsa a níveis olímpicos. Podia ter esperado um pouco mais e a romaria seria um verdadeiro tsunami

Mas não, quis o melhor de todos os mundos, não soube quanto vale a prudência do sábio. Os dados estavam à vista.
E agora? O famoso recuo não se deveu à quimera da união, mas sim, ao facto de muita gente dentro do partido saber que estavam a mais no caso da grande união, seriam carne para canhão. Costa entendeu que podia perder e muito. Sabe que não existe no país socialista. O terreno está minado. Era aí que Seguro o queria ver atolado. As primas donas não fazem o peso, e Seguro sabe. Raros foram a votos, quase nenhuns. Foram pisados no último conclave pela maralha dos “futuros sem-abrigo”.

Politicamente o país observa que o governo, em vez de o ajustar economicamente, está ele mesmo ajustando os seus elementos às funções da governação. O hábito faz o monge, o tempo passa, tudo se ajusta. Se o banqueiro pode aguentar como um sem-abrigo, qualquer um pode. Será? Veremos. Creio que António Costa ficou entalado como o Martim Moniz da sua cidade. Seguro nunca será primeiro-ministro, foi solução a prazo mas casou com o partido.

Lisboa 3 de Fev de 2013

Armando Ramalho